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ADUR-RJ apoia a causa palestina e defende a criação de um Estado soberano para seu povo

01 de outubro de 2024

Comunicação da ADUR

O mundo está vivenciando conflitos que podem determinar o futuro da humanidade, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que pode envolver potências com arsenal de destruição em massa, e de Israel com seus povos vizinhos, que ganhou novo preocupante capítulo com a morte na última semana de setembro, no Líbano, do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pelas forças israelenses. Como a humanidade é um único sistema global, não é possível ficar alheio ao aumento da escalada de violência no Oriente Médio, embora tão distante daqui, mas que já vitimou dezenas de milhares de civis, incluindo mulheres, crianças e recém-nascidos, em especial na Faixa de Gaza, na guerra empreendida por Israel contra o Hamas. E a Associação dos Docentes da UFRRJ tem se posicionado claramente a respeito, assim como faz o governo brasileiro, na condenação desse processo explicitamente genocida, com a defesa do imediato fim das operações bélicas e da criação do Estado Palestino.

Na véspera do assassinato do líder do Hezbollah, Israel já havia desencadeado uma ação inédita com a explosão de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, que matou comandantes do grupo e feriu cerca de 3 mil pessoas em Beirute, com diversos casos de perda de visão e de indivíduos com membros amputados. Uma ação de caráter terrorista, segundo protocolos internacionais, na maior ofensiva israelense ao Líbano desde os anos 1980.

Sabe-se que a origem do conflito atual é a invasão de cidades e vilarejos israelenses por combatentes do Hamas, em 7 de outubro de 2023. A operação matou 1.139 pessoas, e 250 civis e soldados israelenses foram feitos reféns, incluindo 30 crianças, no que foi considerado o maior ataque palestino desde a fundação de Israel na década de 1940. O que veio a seguir em caráter de retaliação, num primeiro momento justificada por grande número de nações, acabou por ultrapassar o limite das convenções internacionais de guerra, se configurando em um verdadeiro massacre. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, utilizou a tragédia em seu país como pretexto para uma dizimação sem precedentes do povo palestino, fazendo uso da tradicional retórica expansionista do sionismo, que prega a defesa de seu território pela tomada de regiões ao redor, em prol da defesa e fortalecimento do Estado israelense.

Além dos interesses expansionistas de Israel, aguçados pela origem do conflito, também está em jogo a sobrevivência política de Netanyahu e de seu grupo de apoio de extrema direita, que vem sendo alvos de intensas críticas de parte da população israelense, insatisfeita com os desdobramentos abusivos da guerra e com o fracasso do governo na libertação dos reféns, o que inclui insucessos militares e diplomáticos. As implicações geopolíticas das incursões israelenses envolvem ainda a estratégia de manter as alianças do país com os Estados Unidos e com nações da União Europeia, comprometidos em manter o histórico apoio a Israel, condição que dá sustentabilidade ao Estado e garante sua supremacia militar.

Protestos na ONU e defesa do Estado Palestino

Diante da indicação de que os combates devem continuar, principalmente em função da inflexibilidade e radicalismo de Israel, vozes internacionais se levantam. Países como Espanha, Irlanda e Noruega reconheceram, em 2024, a necessidade de criação do Estado Palestino, considerada a principal saída, embora veementemente rechaçada por Israel, para o fim dos conflitos e encerramento dos horrores humanitários sofridos pelo seu povo, disperso ao longo de décadas pela Faixa de Gaza, Cisjordânia e outros países do Oriente Médio.

Em sua participação na 79ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em 24 de setembro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, considerou inaceitáveis as ações de Israel até aqui no conflito, defendeu coragem para tratar da questão (na mesma medida da adotada na criação do Estado de Israel), assim como parabenizou a recente inclusão da Palestina no sistema das Nações Unidas. Na mesma reunião, ao subir ao púlpito para discursar, o premiê israelense Netanyahu foi vaiado por diversas delegações, ao mesmo tempo em que representantes de Irã, Cuba, Arábia Saudita, Trinidad e Tobago, Palestina e do Brasil deixaram o plenário em protesto. No caso brasileiro a decisão foi respaldada pela recente morte de adolescentes brasileiros no Líbano pelos bombardeios israelenses.

O movimento do povo palestino em busca da criação de um Estado nacional teve início há mais de sete décadas, desde que a ONU determinou a partilha das terras situadas na região e a criação do Estado de Israel, em 1947, o que também previa a ocupação da fração da Palestina no território. Os palestinos ficaram com 45% das áreas, mas foram gradualmente perdendo suas terras, o que provocou os constantes embates entre palestinos e israelenses desde então, num processo até o momento sem qualquer solução negociada, incluindo a insuficiente atuação da ONU. Na esteira desse processo surgiram organizações como o Hamas, movimento islâmico que combina atividades políticas, sociais e militares criado em 1987, durante a primeira Intifada (reação palestina contra a ocupação israelense). Já o Hezbollah surgiu em 1982 como movimento político e paramilitar xiita, com sede no Líbano, com o objetivo de lutar contra a presença militar israelense no sul daquele país, superada pela sua ação.

Sem entrar no mérito do reconhecimento das ações extremistas, justificáveis ou não, e dos múltiplos interesses envolvidos no Oriente Médio, a ADUR, assim como a atual gestão governamental brasileira e diversas organizações civis ao redor do mundo, não se posiciona contra Israel ou a favor dos grupos que combatem o sionismo. Mas defende a paz, a justiça e a coerência que são indispensáveis à região. E ao defender isso como parte de um sistema global que deve respeitar todos os povos, convoca seus associados a refletir e debater essa questão.


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